“Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está
acostumada. De alterar o trajeto para apressar encontros. Medo de ouvir o
nome dele em qualquer conversa. Você tem medo de se apaixonar. Medo de
se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que
ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja
amoroso, medo de que seja um pilantra. Você tem medo de oferecer o lado
mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Você tem medo de se
apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo
de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de ser
destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas.
Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo
de que ele não precise de você. Medo de que não queira reparti-lo com
mais ninguém. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das
roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de convidá-lo a entrar, medo de
deixá-lo ir.”
— Fabrício Carpinejar.
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